JUMEU E ROLIETA


O casal era sócio no ramo de bijuterias. Ambos usavam aliança no anular direito. Ele só a chamava de “Mô” e, ela chamava-o de “Mozinho”. Já era o terceiro dia de estada deles no hotel e, formalmente, não chamávamos qualquer hóspede pelo pseudônimo; apenas pelo nome.
Acho que a mulher estava se arrumando e, pra variar, o marido desceu antes dela. Minutos depois ela apareceu, toda produzida. Olhou para os lados, procurou pelos cantos e não o encontrou.
— Você viu o mozinho? — me perguntou.
— Quem?
— O Jú.
— Jú?!
— O Juliano, meu marido.
— Ah, sim, o seu marido! Não, não vi.
Ela foi à porta, olhou lá fora, voltou e continuou a procu-rá-lo. Nisso, ele que havia descido imperceptível, apareceu estacionando o carro bem na porta do prédio.
— Minha muié já desceu? — quis saber.
— Sim, estava aqui ainda à pouco. Estava te procurando.
Ele foi procurá-la no lobby e ela procurava-o, em desencontros, até que se encontraram. Saíram de mãos dadas e, com um cavalheirismo encantador, o moço abriu a porta do carro pra ela, fechou-a cuidadosamente, rodeou o veículo e assumiu o volante. E lá se foram: a Mô e o Mozinho, exalando aromáticas essências de flores e coraçõezinhos que, apaixonadamente os acompanhavam.
Oh, que bonitinho, gente! Que seja eterno enquanto dure...