QUEM COM CHIFRE FERE...


Eu bem que desconfiava das pessoas metidas a modernosas que diziam que homem que faz pés, mãos e cabelo, semanalmente, era “metrossexual”. O Conrado, que era noivo da Soninha e assim considerado, deixou tão evidente que esta palavra disfarçada não ia pegar. Tanto, que a mesma passou como um flash arco-íris e já caiu em desuso.
Foi logo após o 1º WJoias, no Auditório Guarani e ele não se conter de emoção e soltar as frangas, na presença dos demais convidados, no foyer do hotel, agarrando e beijando o Petrus, que ele já não via desde os tempos do colégio.
Obviamente, a Soninha morreu de vergonha da tal escancarada passividade do afoito noivo.
Já no interior do 101, ela tratou de lavar as roupas sujas descarregando uma dura lição de moral pra cima do afrescalhado — o mesmo que estava prestes a se tornar o seu futuro e amado esposo. Extremamente magoado, o Conrado não aguentou nem o 1º round: imediatamente refez as malas, antecipou o check-out e, com as primeiras luzes daquela mesma noite, bateu asas e voou.
No outro dia, bem cedinho, quando ele ligou para o hotel, arrependido, pra se desculpar com a Soninha por sua repentina e covarde retirada impensada, foi que descobriu que esta hóspede do 101, por “questões econômicas”, segundo ela, havia se transferido, logo após ter sido abandonada por ele, para um apto. double/ executivo — o 213 do Petrus.
A essa altura dos acontecimentos, não só o 2º andar, mas o hotel inteiro já tinha acordado com os escandalosos gemidos da moça.
Deu no que deu.