SOLENIDADE

Com toda a sua simplicidade, minha mãe tinha a arte de citar personagens (reais e fictícios) numa dramaticidade shakesperiana de aproveitável conteúdo a qualquer dramaturgia contemporânea, e, num repente, transformar o mesmo roteiro num suspense que, despretensiosamente, descrevia Agatha Christie e, munida de toda a sua habilidade crônica que a natureza lhe deu, desviar o mesmo enredo para uma rica comédia de detalhes dimensionais com finale e grand finale.
Entre os apreciadores, fui o seguidor do best-seller sem entrelinhas que minha mãe perfilou. Cheguei a compará-la com a digníssima alma de uma Denise Stoklos — na narrativa arte cênica do monólogo Olhos Recém-Nascidos. Minha mãe tinha uma técnica ilustrativa de historiadora sem nunca ter tido o mestrado mínimo para qualquer registro. Quem me dera tivesse a metade do talento que mamma Rosa teve. Deixo aqui minha modesta crítica literária — do crítico literário que não me dá o direito de tal autodesignação honorífica — ao tributo à minha mãe.