LIGAÇÕES PERIGOSAS


Uma das netas do patrão ocupou a cadeira do PABX no hotel e avisou:
— Vou dar uma mãozinha pra vocês. Hoje vou ser a atendedora de telefone (ela queria dizer; telefonista).
Dezenove anos. Um amor de pessoa... E eu logo matei a charada: ela estava era receosa de que o namorado dela pudesse ligar e nós dizermos que ela não estava — como acontecera na última vez.
O movimento no hotel estava calmo e resolvi ficar de pé na porta.
O telefone tocou, ela atendeu e perguntou-me:
— Gilberto, tem alguém perguntando se tem um carro verde estacionado aqui em frente. Olhe aí pra mim.
— Não. Não tem — respondi.
Quando disseram que: “Tudo bem, é porque o carro verde já devia ter amadurecido”, é que ela desconfiou que fosse um trote.
Após mais algumas chamadas, alguém liga, ela atende e responde a pergunta do mesmo com um “não”. E logo em seguida, emenda:
— Ah, vá-te lascar, meu!
O telefonema que ela tanto esperava não veio. Contudo, para o angustiado coração da jovem, o seu namorado resolveu fazer uma surpresa: aparecendo no hotel pessoalmente trazendo uma caixa de bombons. Ela se desmanchou toda em emoção.
Vendo que ela estava feliz e conhecendo os seus hábitos, resolvi comentar:
— Bom te ver assim... Pra quem estava brava com alguém há poucos instantes no telefone...
E ela se explicou:
— Foi um babaca que perguntou se eu trabalhava com joias. E ao dizer-lhe que não, ele disse: “Então, acho que liguei errado. Você deve ser aquela que trabalha com roupas...” E ao dizer-lhe, novamente, que não, ele disse: “Nossa, então você trabalha sem roupas”?
Com os hormônios explodindo, o casalzinho subiu e ficou meio tempo (45 minutos) no apê. Ele desceu primeiro. Depois ela desceu. Com joias... e com roupas.