Têm clientes que dão preferências por um ou outro hotel por variados atrativos: pela diária, pela localização, pelo conforto, indicação, serviços etc.
Existem pessoas que já preferem um determinado hotel só porque sabem que ali irão encontrar uma, ou mais, recepcionistas daquelas bem atenciosas e bonitonas. Como o fascínio notável que as funcionárias(os) de um hotel aqui do bairro exercem sobre suas infalíveis prestatividades.
Havia alguns clientes que “pagavam o maior pau” para uma de nossas colegas de um outro hotel localizado na principal avenida de acesso à cidade. Por isso, é que só se hospedavam ali. O patrão ficava rindo à toa. Acho que andou até dando um aumento para esta recepcionista por ela atrair tanta clientela. Contudo, o que ela tinha de mais em beleza, tinha de menos em paciência.
Um dia, um estrangeiro atacadista quis elogiá-la convidando-a:
— Moça quer fázer viage comigo pelo meu páis?
E a nativa:
— Viajar? Com você? Mas, nem que fosse num turismo espacial!
Outro dia, este hóspede chegou com um jornal debaixo do braço e a recepcionista imaginou ser de alguma fonte internacional. Curiosa, ela pediu para ver. Meio sem jeito, ele só mostrou a primeira página pra dizer que era o famoso tupiniquim Folha de São Paulo. Nisso, caíram duas revistas que estavam escondidas entre o mesmo: uma Capricho e a outra Minha Novela. Mais sem jeito ainda, ele disse que comprava aquelas revistas só para acompanhar as notícias das últimas tendências em joias e acessórios. A moça não engoliu, e sugeriu que, se fosse somente pelos seus interesses comerciais, que ele optasse, então, por uma revista especializada no assunto. Sentindo-se desmoralizado, ele pediu uma “coke” e deu as revistas pra ela. E enquanto esperava o elevador, que demorava, ele voltou e ofereceu o jornal pra mim. Aceitei. Afinal, ele não ia ler mesmo.
