UMA QUESTÃO FISIOLÓGICA


Aquele hóspede — com pinta de Casanova — ficou absurdamente maravilhado, na entrada do elevador, ao quase ser atropelado por aquele grupo de beldades que acabava de descer para o jantar no restaurante anexo ao hotel: eram garotas e mais garotas, modelos de uma badalada agência, num tour promocional de um novo evento joaillerie.
Rapidamente ele subiu e — talvez tenha tomado um banho — se perfumou, vestiu um blazer de corte finérrimo, passou laquê, e retornou com cara de quem não quer nada, mas sabe tudo o que quer. Surpreendeu-se ao notar que, para o seu azar, tenha demorado um pouquinho mais além da conta. O restaurante já estava novamente quase vazio. Todas as representantes do desejado harém já tinham jantado e deixado o local. Decepcionado, boquiaberto, o libertino atraiu o segurança, no lobby, a pender-se de lado pra ouvi-lo perguntar em voz baixa:
— Desde quando as Barbies estão hospedadas aqui?
— Desde ontem — respondeu aquele funcionário do hotel.
— E aonde elas vão depois do jantar?
E o segurança, sem titubear:
— Vão pro banheiro.